A presidência da COP28, que começará no dia 30 de novembro nos Emirados Árabes Unidos, deverá estabelecer a meta de 11 TW de capacidade de geração renovável até 2030, o que significa triplicar a geração, com base na capacidade de 2022. Este objetivo é necessário para alcançar o cenário de emissões líquidas zero até 2050, mas a expansão deve considerar a diversificação de fontes por conta da intermitência de cada uma.
Enquanto a energia solar, de instalação mais simples e barata, está num ritmo adequado para triplicar a geração renovável em oito anos, a energia eólica precisará se expandir em um ritmo duas vezes mais rápido até 2030. Já em armazenamento, será preciso aumentar 16,1 vezes até 2030 a capacidade existente em 2022. As estimativas são do relatório “Triplicar energias renováveis no mundo até 2030: difícil, rápido e realizável”, elaborado pela BloombergNEF.
“A energia solar é barata e fácil, e o mundo poderia triplicar a capacidade de energia utilizando apenas a solar. Mas deixar outras energias renováveis para trás não seria bom para as mudanças climáticas”, resume em comunicado Jenny Chase, especialista em energia solar da BloombergNEF e co-autora do relatório.
O cumprimento da meta exigirá dobrar a taxa de investimento em energias renováveis para uma média de US$ 1,175 trilhão por ano entre 2023 e 2030, contra US$ 564 bilhões em 2022. Também será necessário que o investimento na rede elétrica aumente para US$ 777 bilhões em 2030, quase três vezes mais do que foi investido em redes em 2022. Em baterias, serão necessários 720 gigawatts novos até 2030, o que é 16,1 vezes o total implantado no final de 2022.
Segundo o estudo, para alcançar as emissões líquidas zero até 2050, a energia renovável precisará corresponder a 62% da redução total das emissões até 2030. A eletrificação dos setores de uso final, tais como a indústria e o transporte rodoviário, contribui com mais 15% da redução total do carbono.
A BloombegNEF avalia que a geração eólica e solar já é a mais barata em muitos países. Para que esta vantagem econômica se traduza em investimentos reais, o estudo sugere melhorias como simplificação de processos de licenciamento, estabelecimento de leilões competitivos e de longo prazo e a melhoria da infraestrutura de redes.
“As energias renováveis são de baixo custo e o subsídio direto não é mais o que é necessário para acelerar a implantação”, avalia em comunicado Meredith Annex, chefe de energias limpas da BloombergNEF e coautora do relatório. “Os governos e os
reguladores têm uma janela limitada de tempo para ajudar o setor a entrar nos eixos”.
Assim como a expansão da geração renovável não deve ser igual entre as fontes, o esforço entre os diferentes países também deve ser diferente. Aqueles que já têm considerável geração renovável, como Estados Unidos, China e Europa, deverão triplicar suas instalações. Regiões que têm poucas instalações renováveis, como Sudeste Asiático, Oriente Médio e África, precisarão mais do que triplicar sua capacidade até 2030.
O estudo destaca que o Brasil já possui 85% de sua matriz renovável e por isso deve manter esta participação das fontes mais limpas, enquanto trabalha para a descarbonização de setores como indústria, transporte e agricultura.