A transição energética não ocorre por conta própria, o ideal é ser equitativa para todos, possuir características claras e oferecer uma energia sustentável, econômica e eficaz. A head of country transition research at BloombergNEF, Sofia Maia, disse durante a sua participação no Brazil Windpower, nesta quinta-feira, 24 de outubro, que quando discutimos transição justa, o tom da conversa pode se alterar, já que o que pode ser justo para um, pode não ser para outro.
Um dos pontos de destaque do painel “Transição Energética Justa – Integração Econômica e Social” foi com relação ao conceito de justo, onde é necessário reconhecer as questões de oferta e demanda. Do lado da oferta, os geradores têm o desafio de cobrir três necessidades, sendo a primeira com relação a energia oferecida com abundância, pois isso vai refletir no preço baixo. A segunda precisa ser acessível e por último tem que ser sustentável. Já com relação a demanda é necessário avançar no quesito de consumo responsável.
Todos sabem que as fontes renováveis são importantes, mas durante o painel foi destacado que as tradicionais vão permanecer ainda por muito tempo. E a transição justa tem que aproveitar as oportunidades com os projetos que estão surgindo e eles podem gerar efeitos positivos onde serão implantados. Ao que tudo indica essa é uma jornada que apenas está no começo e progredindo, porém não na velocidade que deveria ser.
Hoje a transição justa possui diferentes perspectivas, porém o socioeconômico e o ambiental vão sempre caminhar na mesma direção. Segundo o gerente setorial de transição energética do BNDES, Guilherme Arantes, não se pode prejudicar as pessoas que mais sofrem que são aquelas próximas e que estão prestando serviço ao empreendimento que está chegando na região. É necessário, segundo ele, minimizar os impactos negativos. E essas comunidades vivenciam de forma mais bruta os impactos causados pela mudança climática.
Arantes citou que deverá ocorrer um amadurecimento conjunto entre empresas e financiadores e é necessário mobilizar o setor e catalisar os impactos positivos. “É importante boas práticas porque nós temos o desafio do passo seguinte, que é diminuir os
impactos”, disse.
Os especialistas alertaram a importância da transição estar dentro do business de todas as empresas e no centro da estratégia de ação climática. Hoje muitas companhias possuem pesquisadores dedicados estudando os cenários de desenvolvimento da energia renovável conciliando com as questões de negócios.
Do lado dos bancos, o diretor de planejamento do BNB, José Aldemir, destacou muito a questão do nordeste, onde é necessário aproveitar a vantagem local e ter ganho de desenvolvimento territorial e de infraestrutura. “Precisamos transformar a economia local sendo justa no sentido de agregação de valor e somente assim conseguiremos ter uma transição justa para a região. Precisamos fazer que o benefício chegue nas comunidades locais, pois eles estão prestando um serviço ambiental para o mundo”, destacou.
Segundo ele, não existe transição energética brasileira que não passe pelo Nordeste. “Hoje eu vejo que existe dentro das comunidades locais uma insatisfação, mas precisamos ter outros avanços e nós como instituição financeira estamos dispostos a isso”, destacou. O executivo também afirmou que é necessário ter selos independentes, que certificam os projetos e que passem por uma avaliação anualmente.
“Estamos dispostos a remunerar esses serviços com bônus de custos, juros mais baixos, para os
eventuais parques que tenham essas certificações. Queremos financiar ações que sejam feitas nas comunidades locais e que
transformem a vida deles ”, finalizou.
Por Canal Energia.
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