Agenda ambiental preocupa especialistas.
A uma semana da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a agenda climática preocupa especialistas e lideranças reunidos na 15a Assembleia da Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena), em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.
Presente ao evento, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que a mensagem em relação às questões climáticas “é de otimismo, apesar das diferenças”, disse ao responder sobre falta de alinhamento do novo governo dos EUA no tema, sem citar Trump.
“Na visão do Brasil, a transição energética vai acontecer de qualquer forma. Apesar dos discursos, vamos continuar avançando na transição energética. A mensagem é de otimismo, apesar das diferenças. Não há solução sem consenso global. Para isso, contamos com organismos internacionais, que precisam ser fortalecidos”, disse.
Selwin Hart, conselheiro especial para ações climáticas e transição justa da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmou que a transição energética é inevitável, ao ser questionado sobre possíveis medidas de Trump com impacto na questão climática: “A transição energética é inevitável, apesar de discordâncias. Estou otimista que vamos atingir acordos inéditos.”
Para Hart, a COP30 no Brasil será um momento importante da luta contra o aquecimento global: “O mundo precisa trabalhar de forma colaborativa para ter a certeza de uma ação rápida e de que nenhum país vai ser deixado para trás, com atenção para as nações em desenvolvimento. A ONU tem ajudado os países a definir as contribuições de cada um para a transição energética”, afirmou o diplomata, que chamou atenção para o aquecimento global: “Estamos em uma emergência climática e temos visto extremos climáticos em todas as regiões do mundo.”
Alexandre Silveira anunciou que o país quer retomar o processo de adesão à Irena, que foi interrompido no governo Bolsonaro. A participação de Silveira no evento foi a primeira de um ministro brasileiro em assembleia da Irena.
“Na COP30, voltaremos a discutir volumes adequados de financiamento à transição energética global e o consenso de continuar usando mecanismos de governança global para alcançar os objetivos climáticos, respeitando a soberania dos países”, disse o ministro.
O Brasil também convidou a Irena para atuar como secretária da futura Coalizão Global para Planejamento da Transição e Segurança Energética, que deve ser lançada oficialmente no Rio em junho.
O diretor-geral da Irena, Francesco La Camera, disse que a agência tem trabalhado com a organização da COP30 e deve visitar o Brasil em fevereiro: “Devemos lançar algumas iniciativas na COP30, como fizemos em Baku. Tenho ficado impressionado com a ambição do Brasil e com a confiança do país no trabalho da Irena.”
Silveira revelou que o Brasil assinou acordo que prevê investimentos de R$ 15 bilhões com os Emirados Árabes Unidos para desenvolvimento de minerais estratégicos, visando a transição energética.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/politica/noticia/2025/01/13/silveira-aposta-em-consenso-na-transicao-energetica.ghtml