Reservatórios devem fechar 2024 com níveis abaixo de 50%,mas em condições favoráveis, diz ONS

Chuvas acima da média histórica nos rios Tietê, Grande, Parnaíba e Madeira permitiram a elevação dos níveis dos reservatórios.

Após estiagem histórica, os reservatórios das hidrelétricas do país devem fechar 2024 com níveis abaixo da metade da capacidade de armazenamento, mas em condições favoráveis de atendimento, avalia o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Três dos quatro submercados do país devem fechar o ano com níveis acima de 40%, o que fará com que o Sistema Interligado Nacional (SIN) encerre 2024 com armazenamento estimado em 48,7%. O índice é inferior ao verificado no último dia de 2023, da ordem de 60%, mas, ainda assim, sem riscos de suprimento, na avaliação do diretor-geral do ONS, Marcio Rea.

Em conversas com jornalistas para fazer um balanço de fim de ano, na quinta-feira (12), Rea destacou que houve chuvas acima da média histórica nos rios Tietê, Grande, Parnaíba e Madeira, que permitiram a elevação dos níveis dos reservatórios.

Com uma base de geração solar e eólica com elevada produção no período seco, a situação energética foi considerada tranquila, segundo ele. “Temos um sistema muito mais robusto do que no passado”, disse Rea.

“Choveu no lugar certo”
O diretor de operação do ONS, Christiano Vieira, afirmou que, apesar de os níveis estarem abaixo dos verificados no fim de 2023, o cenário não preocupa porque “choveu no lugar certo” — nas cabeceiras dos rios nos quais a maior parte dos reservatórios está localizada.

Além disso, disse Vieira, o operador adotou medidas para garantir o suprimento de energia, como a redução da geração de energia ao máximo possível das hidrelétricas no Norte do país e a redução da vazão na saída (defluência) das hidrelétricas Jupiá e Porto Primavera, em São Paulo, para que se pudesse armazenar mais água nos reservatórios, entre outras ações. As medidas foram adotadas a partir de decisões do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), com as quais o órgão contribuiu.

Vieira salientou que, após fechar o ano com condições favoráveis de armazenamento, o olhar do ONS se volta, agora, para qual será a “qualidade” do período de chuvas, iniciado em novembro e que se encerra no fim de abril.

Tradicionalmente, o principal momento durante o período úmido é entre janeiro e fevereiro, quando chove mais, enquanto fevereiro e março tendem a apresentar chuvas mais fracas e temperaturas mais elevadas, típicas do verão. Porém, segundo o diretor de operação, não há certeza se esse cenário vai se concretizar nos próximos dois meses. “Ainda é cedo para saber quando teremos aporte hídrico no sistema”, disse Vieira.

Eventos extremos
Vieira lembrou que, em 2024, o ONS teve que lidar com eventos extremos, como as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, em maio, o que obrigou o operador a garantir a resiliência da rede de transmissão, mesmo com perda de dezenas de subestações.

Outro fator de pressão foi a seca extrema, especialmente no Norte do país, com níveis mínimos no rio Madeira, onde se localizam as usinas Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, e no rio Xingu, onde se situa a hidrelétrica Belo Monte, no Pará.

Por Valor Econômico.

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