PCHs ajudam a diminuir as desigualdades locais e promovem a equidade entre homens e mulheres

Em países com baixos níveis de acesso à eletricidade, a implantação de PCHs demonstrou a capacidade de aliviar a carga de trabalho das mulheres e melhorar a qualidade de vida.

A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial – UNIDO (acrônimo em inglês), agência especializada da ONU dedicada a promover o desenvolvimento industrial sustentável e inclusivo em países em desenvolvimento, publicou o relatório intitulado “World Small Hydropower Development Report 2022” (Relatório Mundial de Desenvolvimento de Pequenas Centrais Hidrelétricas 2022), elaborado em conjunto com o Centro Internacional de Pequenas Centrais Hidrelétricas (ICSHP).

O relatório destaca que mais de 700 milhões de pessoas, equivalendo a 9,5% da população mundial, enfrentam a falta de acesso à eletricidade, especialmente em áreas rurais ou isoladas, intensificando consideravelmente as desigualdades sociais. Agravando essa situação, a pandemia de Covid-19 ampliou a vulnerabilidade de várias regiões e dificultou a implementação de iniciativas de sustentabilidade. Além disso, crises internacionais, como as guerras, contribuem para que empresas do setor de petróleo tenham suas ações valorizadas, enquanto observa-se uma queda nas companhias de fontes alternativas.

Porém, diante da realidade exposta, o relatório ressalta a relevância dos projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas – PCHs. Quando planejados de maneira eficiente, esses projetos têm o potencial de proporcionar oportunidades significativas para o empoderamento de comunidades locais. Isso inclui grupos desfavorecidos, como mulheres, capacitando-as economicamente, contribuindo assim para o avanço em direção a uma maior igualdade e ampliação das oportunidades de
desenvolvimento.

Em países com baixos níveis de acesso à eletricidade, a implantação de PCHs demonstrou a capacidade de aliviar a carga de trabalho das mulheres e melhorar a qualidade de vida, com a introdução de aparelhos elétricos para as tarefas domésticas e aprimoramento de atividades econômicas. Conforme aponta o relatório, o ganho de tempo”, proporcionado pelo uso de utensílios elétricos, pode trazer
oportunidades e diversos benefícios como estudos, geração de renda e outras atividades produtivas.

Outro dado relevante é que o desenvolvimento de PCH proporciona oportunidades de emprego no próprio empreendimento, abrangendo desde funções técnicas e administrativas, até serviços menos especializados. É fato, também, que as PCHs frequentemente estão localizadas em regiões rurais ou remotas, gerando empregos em áreas onde, normalmente, há uma escassez de oportunidades de trabalho como um todo e, particularmente, para as mulheres.

Os empregos diretos podem assumir diversas durações, sendo de curto prazo durante a construção ou de médio e longo prazos, diretamente vinculados à gestão e operação dos empreendimentos. Um exemplo destacado no estudo ocorreu na Zâmbia, onde a empresa hidrelétrica de Zengamina criou 400 empregos locais durante a construção, com 40% dessas posições ocupadas por mulheres. Em outros projetos, essa porcentagem variou entre 25% e 30%. Em todos os casos, esses projetos se mostraram como um impulsionador para a inclusão das mulheres no mercado de trabalho.

No Brasil, um exemplo recente é o projeto de energia renovável da AES, que se tornou o primeiro parque eólico a operar 100% com força de trabalho feminina, cujas profissionais foram formadas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), em uma parceria bem-sucedida com a empresa.

No relatório da UNIDO, o Brasil é mencionado em relação ao desenvolvimento social nas comunidades onde os empreendimentos são implantados. Os casos estudados revelaram impactos positivos, proporcionando oportunidades de emprego, aumentando o padrão na prestação de serviços, aprimorando a segurança e as condições educacionais, além de auxiliarem as comunidades a conquistarem maior autonomia, estimularam o comércio local e contribuíram consideravelmente para a melhoria da qualidade de vida.

Em relação ao aumento das oportunidades de trabalho, é relevante citar o avanço quantitativo da presença feminina de profissionais em projetos de energia renováveis na última década no Brasil. Nesse contexto, ANEEL conduziu um estudo sobre a equidade de gênero em 2023, cujos indicadores estão em fase de desenvolvimento para futura publicação. Os principais dados já estão disponíveis em vídeo, evidenciando a importância da inclusão e participação das mulheres nesse setor crucial para o desenvolvimento sustentável. Abaixo citamos alguns dados relevantes.

Apesar dos progressos na contratação de mulheres no setor elétrico, observa-se que ainda há amplo espaço para o desenvolvimento de oportunidades, visando alcançar uma participação equânime no setor. No estudo realizado pela ANEEL também foram levantadas as principais barreiras a contratação de mulheres: formação técnica: 72,12%; viés de gênero: 21,30%; sociais/históricas: 4,10%;
e não tem barreira: 2,48%.

Verificou-se que a principal barreira para a participação das mulheres no setor é a capacitação técnica. Nesse sentido, iniciativas de parcerias com instituições de ensino, como a mencionada colaboração do SENAI, representam um caminho a ser perseguido na busca pela igualdade de gênero.

É relevante destacar o crescente aumento da conscientização por parte das empresas em promover ações de inclusão e diversidade, o que contribui para a redução da desigualdade. Além disso, é necessário buscar avançar com políticas públicas que incentivem e facilitem a participação das mulheres no setor de energia como um todo, especialmente em cargos técnicos e de liderança no âmbito de energia renovável. Essas medidas são fundamentais para promover um ambiente mais equitativo e impulsionar a diversidade no setor energético.

No Brasil há ainda um grande espaço para promover o crescimento da igualdade de gênero no setor de energia, incluindo a equidade salarial e oportunidades em todas as áreas de atuação do mercado de trabalho. Esse crescimento deve levar em consideração as contribuições dos projetos renováveis, incluindo as PCHs. Ampliar a implantação e a manutenção desses projetos pode ser um catalisador significativo para o avanço dessa equidade.

Por Canal Energia.
https://www.canalenergia.com.br/artigos/53268097/pchs-ajudam-a-diminuir-as-desigualdades-locais-e-promovem-a-equidade-entre-homens-e-mulheres

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