Subsídio ao carvão é um erro e jabuti das térmicas a gás precisa ser investigado.
Enquanto o Brasil chega à COP28, em Dubai, com protagonismo, cheio de moral pelas mudanças implementadas em políticas que levaram à redução de desmatamento e a boas propostas para o clima, internamente o Congresso brasileiro transfigura uma agenda que deveria ser “verde” em “cinza”, aprovando medidas muito ruins, que podem comprometer a imagem do país lá fora. Afinal, o mundo está de olho no que acontece aqui. A notícia dessa invasão do carvão na pauta verde foi antecipada
ontem por Álvaro Gribel.
Esta semana o Congresso já havia aprovado o “PL do Veneno” que flexibiliza o uso de agrotóxicos, na contramão do que vem acontecendo mundo fora onde se ampliam os controles para garantia da saúde humana e do meio ambiente.
Mas ontem ainda foi pior. No projeto de lei que visa incentivar a exploração de energia eólica offshore (nos mares), na qual o Brasil tem um enorme potencial a ser explorado, uma agenda verde, de energia renovável, o Congresso colocou dois jabutis, ou seja, temas nada têm a ver com o assunto, em total contrassenso, aliás, com a proposta inicial.
Um deles foi o fim de preço teto para térmicas a gás, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A questão dessas térmicas longe dos pontos de oferta do gás é que elas exigirão a construção de gasoduto a ser feito pelo governo e pago por todos nós na conta de luz. Essa inclusão é fruto de um lobby , todo mundo sabe nome, endereço, CPF, CNPJ de quem está interessado nesse projeto. Então, porque que os deputados aprovaram? Tem que se esclarecer e investigar isso.
Não satisfeito com esse jabuti, os parlamentarem resolveram incluir mais um: a prorrogação de incentivos a contratação de térmicas a carvão. O carvão tem que ser é desestimulado, ter o aumento de imposto sobre essa fonte. Carvão é a fonte de energia mais suja, a maior emissora de gás de efeito estufa.
Com a aprovação desse projeto o Congresso aprofunda o subsídio para as usinas a carvão, garantindo benefício até 2050. A medida é adotada num momento em que se devia parar de usar carvão e no qual se começa a discutir a redução do uso de petróleo.
Subsídio não é uma coisa inocente. Ele vai resultar em aumento da minha conta de luz, da sua, leitor e leitora, de todos nós. Além de ser um erro, o subsídio ao carvão atrapalha as negociações que o Brasil está buscando em Dubai, porque tira a força dos nossos argumentos e dos resultados apresentados.