Ministro de Minas e Energia afirma que governo está se planejando para garantir segurança energética diante do agravamento da seca.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reconheceu, nessa terça-feira (3), que o setor elétrico, apesar de contar com grande oferta, enfrenta o desafio de garantir a segurança no abastecimento, frente aos efeitos da seca severa que afeta as grandes hidrelétricas da região Norte e às oscilações na entrega eletricidade pelas fontes renováveis (eólica e solar). Ele ponderou, no entanto, que o país não voltará
a enfrentar no próximo ano a crise de abastecimento semelhante à ocorrida em 2021.
A manifestação foi feita após reunião com o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Márcio Rea.
No início da tarde, Silveira conduzirá a reunião mensal do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Ele disse que, ainda hoje, se reunirá com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, para tratar das preocupações com a atual situação do setor.
Sobre as usinas da região Norte, o ministro afirmou que o sistema não pode contar novamente com a oferta neste período do ano em razão do atual “período crítico” de estiagem. As hidrelétricas afetadas são Jirau, Santo Antônio, ambas instaladas no rio Madeira (RO), e Belo Monte, no rio Xingu (PA).
“Coragem” do presidente Lula (PT)
Ele ressaltou a “coragem” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em gestões anteriores, de enfrentar resistência contra esses empreendimentos, que costumam assegurar o abastecimento do país quando o parque de geração hidrelétrica no Sudeste e Centro-Oeste, o maior do país, passa pelo período de estiagem.
A preocupação do governo, disse Silveira, é adotar medidas que garantam o “equilíbrio entre modicidade tarifária e segurança energética”. Para ele, o país vive “um problema climático sério e o setor elétrico é o setor que mais sofre com isso”.
Questionado sobre a possibilidade de recorrer a termelétricas sem contratos, chamadas de Merchant, o ministro de Minas e Energia afirmou que “não devemos ter térmica Merchant” em operação. Segundo ele, existem 8 gigawatts (GW) de capacidade, como “parque descontratado”, a que o governo poderá recorrer ao realizar o esperado “Leilão de Reserva de Capacidade”, apontado por especialistas como oportunidade para atender à atual demanda por potência no sistema.
Sobre o comportamento da geração renovável, Silveira reconheceu que, apesar do “custo acessível”, essas alternativas “ainda não dão segurança” que o sistema precisa. Isso ocorre, por exemplo, quando a geração solar deixa de entregar repentinamente, ao pôr-do-sol, cerca de 30 GW, momento em que o sistema registra pico de consumo, por volta das 18h, em dia útil.
A geração eólica, que oscila com a força dos ventos, registra maior volume de geração no período da noite, quando a carga está mais reduzida. Esse fenômeno, da “rampa da geração solar”, foi explicado recentemente em reportagem do Valor.
O ministro foi questionado sobre a possibilidade de o CMSE aprovar o acionamento das usinas mais caras do sistema, por meio do “despacho fora da ordem de mérito”. Ele disse que essa decisão não está sendo considerada no “curto prazo”.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/09/03/setor-eletrico-passa-por-momento-desafiador-para-garantir-seguranca-no-abastecimento-diz-silveira.ghtml