Soluções detectam problemas, reduzem custos e emissões de poluentes globais.
A diversificação da matriz elétrica e a agenda de descarbonização das empresas no contexto do Acordo de Paris têm feito muitos novos negócios e empresas surgirem no setor de energia. Esse cenário ganha impulso com o aumento de usinas solares e eólicas e a geração descentralizada pela instalação de painéis fotovoltaicos em residências e indústrias.
Em 2015, o setor começou a assistir a uma forte migração de empresas para o mercado livre, diante da alta de tarifas no mercado cativo e a interligação de Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN). As empresas da Zona Franca de Manaus puderam se tornar livres. Os engenheiros Raphael Guimarães e Pedro Bittencourt cursavam doutorado quando decidiram criar a Green Ant, uma startup cujo
propósito era deixar a medição de energia mais transparente, dando visibilidade em tempo real do quanto foi consumido.
Para viabilizar, recorreram no início a capital de investidores anjos por meio da plataforma Eqseed, totalizando R$ 1,6 milhão e 12,5% de participação na empresa. Com o dinheiro, desenvolveram um medidor inteligente que, conectado a uma plataforma on-line, permite que o usuário monitore os aparelhos de maior consumo e faça a gestão do gasto em tempo real.
Nos shoppings, os aparelhos de ar-condicionado são os grandes vilões da conta de energia, podendo representar mais de 10% dos custos totais. “Buscamos por meio de softwares identificar anomalias no equipamento e com isso podemos chegar a reduções de 5% no uso de um ar-condicionado. Faz-se um monitoramento contínuo dos equipamentos para identificar o que pode estar fora do ponto ótimo”, diz Bittencourt.
A empresa desenvolveu uma plataforma customizada com alertas, relatórios e com algoritmo de alto nível, tanto para detecção de anomalias, como para otimização de contratos de energia. A companhia também está de olho em grandes empresas que buscam reduzir a emissão de poluentes globais com a eletrificação de suas frotas.
Nesse caso, o desafio é otimizar a recarga dos veículos elétricos. Se todos forem ligados em qualquer horário, pode haver impactos sobre a rede. “Pode-se fazer uma melhoria operacional para o escalonamento da recarga, para que não se supere a demanda contratada”, diz. A Ambev é uma das clientes da empresa, que também começa a avaliar a aplicação de baterias no setor.
Nos últimos dez anos, uma das maiores revoluções do setor elétrico veio do sol. A queda dos custos de instalação de painéis fotovoltaicos, subsídios para o segmento e a busca pelo apelo ambiental da fonte fizeram a geração distribuída (GD) solar chegar a 30 GW de capacidade neste ano, duas vezes e meia a potência da hidrelétrica de Itaipu, a segunda maior do mundo. Para avançar no segmento da GD compartilhada, surgiu a Sun Mobi, que vende clube de assinatura de energia solar.
A intenção inicial era buscar residências, mas a empresa tem voltado o foco para o pequeno comércio e a indústria, que gastam mais de R$ 3 mil mensais com a conta de luz. Até uma igreja é cliente do serviço. Recentemente, a empresa se tornoupioneira em oferecer a GD compartilhada na região metropolitana de São Paulo, em que o preço dos terrenos e a disputa por eles têm dificultado o avanço dela.
“Encontramos um galpão em Cajamar, na região metropolitana de São Paulo, e conseguimos fazer uma instalação de 2,5 MW voltados para consumidores da cidade, mas tivemos de fechar a venda em três semanas, porque a procura foi muito grande”, diz Alexandre Bueno, sócio-fundador da empresa, que possui sete anos de operação no mercado de energia solar no Brasil, com usinas fotovoltaicas conectadas nos sistemas de distribuição da CPFL Piratininga, da CPFL Paulista, da Enel e da Elektro no Estado de São Paulo, além de dois empreendimentos conectados na Copel, no Paraná.
Ao todo, as usinas da Sun Mobi atendem 473 municípios em São Paulo e 395 no Paraná. “Estamos buscando identificar outros locais na Grande São Paulo. Também estamos analisando a área de São José dos Campos (SP) e de Guarulhos (SP)”, diz Bueno.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/negocios-sustentaveis/noticia/2024/06/26/matriz-eletrica-diversificada-e-agenda-verde-impulsionam-novos-projetos.ghtml