Projeto da Fortescue prevê investimento de US$ 2 bilhões de hidrogênio verde no Ceará.
O bilionário australiano Andrew Forrest, fundador e presidente do conselho da mineradora Fortescue, desembarca nesta quinta-feira (9) em Brasília para discutir com deputados e ministros a regulação do setor de hidrogênio verde (H2V). Quarta maior mineradora do mundo, a companhia tem projeto de uma planta de hidrogênio verde no Ceará, estimado em US$ 2 bilhões (cerca de R$10 bilhões). “Queremos ter confiança na segurança de longo prazo para realizar investimento desse porte no país”, disse Forrest ao Valor.
O empresário, conhecido como Twiggy no mundo dos negócios, afirmou que o objetivo da visita é “averiguar o entusiasmo do governo brasileiro” em relação ao desenvolvimento da produção local de hidrogênio limpo. O H2V deve ser demandando nas próximas décadas para cumprimento de metas de redução de emissão de carbono nos países, em segmentos que vão da siderurgia a produção de fertilizantes.
Segundo Forrest, por ter uma matriz energética renovável, o Brasil é um dos países mais promissores para ser produtor e exportador de H2V. No entanto, para que a equação dos projetos feche, é preciso que o custo da energia – que é 70% do custo final do H2V – seja “o mais barato possível”, considerando tanto a produção como a transmissão.
Esta semana, o governo brasileiro apresentou uma proposta de marco legal para o setor de hidrogênio de baixo carbono, sugerindo uso de debêntures incentivadas para financiar os projetos e a inclusão no Regime Especial de Incentivos para Desenvolvimento da Infraestrutura (Reidi). Na minuta do projeto, contudo, não foram colocados incentivos regulatórios e fiscais mais robustos, com era esperado pelo setor. “O governo precisa ser um motor econômico. Falar em subsídio (para H2V) é um erro, na verdade é um multiplicador de empregos”, disse Forrest.
Há pelo menos 30 memorandos de entendimento assinados entre grandes empresas brasileiras e multinacionais com Estados do Nordeste para instalação de plantas de hidrogênio verde. O Ceará reúne a maior parte dos acordos, pois o Porto do Pecém, localizado na região metropolitana de Fortaleza, já funciona com uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e tem parceria com o Porto de Roterdã, que seria a porta de entrada do combustível na Europa. Ao que tudo indica, o H2V será transportado por navios sob a forma de amônia verde.
O projeto de H2V da Fortescue no Pecém é um dos mais avançados no Brasil e já dispõe de licença ambiental concedida pela governo do Ceará. O H2V é produzido a partir de um processo chamado eletrólise da água, com uso de fontes de energia renováveis. No caso da planta da mineradora australiana, seria usada água dessalinizada do oceano, explicou Forrest. O empresário deve seguir para Fortaleza após as reuniões em Brasília de hoje.
A Fortescue tem outras plantas de H2V sendo estudadas nos Estados Unidos, Noruega, Austrália e Quênia. Forrest disse que está confiante que a unidade brasileira será uma das primeiras a se viabilizar. A ideia é que a unidade comece a ser efetivamente construída em 2025 e entre em operação em 2027/2028 (1,2 GW) e em 2029 (1,1 GW).
Na fase de construção, a planta poderá empregar 5 mil pessoas. Além da matriz de energia limpa eólica, solar e hidráulica Desenvolvida, o Brasil conta com uma infraestrutura de comercialização de energia amadurecida, aponta Sebastian Delgui, gerente regional de relações governamentais e comunidades da Fortescue na América Latina. Segundo o executivo, há uma boa “musculatura” na
cadeia de fornecedores e mão-de-obra especializada em energia renovável, no Nordeste.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2023/11/09/magnata-do-minerio-vem-ao-pais-para-discutir-hidrogenio-verde.ghtml