Em meio à especulações sobre saída de Prates, presidente convocou Haddad e Silveira.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem uma reunião para tratar da Petrobras no Palácio da Alvorada. Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, além de Paulo Pimenta (Secom), foram chamados para o encontro. Haddad antecipou a sua volta para Brasília, para uma reunião marcada para 20h, mas a reunião não foi confirmada. Na agenda oficial, porém, consta encontro de Haddad com Lula hoje, às 18h.
Nos últimos dias, a possível mudança no comando da Petrobras tem sido tema do noticiário. Na sexta-feira, o Valor publicou que Lula confidenciou a interlocutores a disposição de demitir o presidente da empresa, Jean Paul Prates. No entorno presidencial, o nome do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, era o nome mais cotado.
A crise sobre o comando na Petrobras escalou na semana passada. Na quarta-feira passada, o ministro de Minas e Energia, Alexandres Silveira, reconheceu, à “Folha de S. Paulo”, que tem embates com Prates, mas que eles são “salutares”. Na segunda- feira, dia 1o, na GloboNews, o ministro já havia dito que a “Petrobras não pode ter único objetivo de dividendos”.
Em março, a remuneração aos acionistas da Petrobras havia sido fator de atrito entre Prates e parte do governo depois de o conselho de administração da companhia ter votado por reter em uma conta de reserva R$ 43 bilhões em dividendos extraordinários. Prates queria que parte desse dinheiro fosse distribuída aos acionistas como dividendo extra, mas foi voto vencido e acabou se abstendo na
votação do colegiado sobre o tema. A postura foi interpretada por alas do governo como um alinhamento a minoritários, que defendiam a distribuição.
Depois das entrevistas de Silveira, cresceu a insatisfação de Prates a ponto de ele ter pedido audiência com Lula para ter uma conversa “definitiva” sobre sua situação na empresa, como informou Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, na quinta-feira. O executivo estaria irritado com o “bombardeio” de Silveira e do ministro-chefe da Casa Civil.
A notícia de que Prates teria pedido uma audiência com Lula não pegou bem no Palácio do Planalto e aumentou a fervura à qual o presidente da Petrobras está submetido. Ficou a impressão de que ele acabou tensionando ainda mais a situação. Fontes do governo chegaram a dizer, nos bastidores, que Prates não aprendeu até hoje a saber lidar com Lula, que não gosta de ser pressionado.
As discussões em torno do comando da Petrobras ganharam força quando faltam pouco mais de duas semanas para a eleição do conselho de administração da companhia, marcada para ser realizada na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Petrobras, no dia 25 de abril.
Mas a fritura de Prates é mais antiga e tem origem no relacionamento conturbado com o ministro de Minas e Energia. Os problemas são conhecidos desde o início do governo, no ano passado, e têm relação com temas da pauta do governo, como preços dos combustíveis, distribuição de dividendos e retomada de investimentos da companhia.
Desde a crise dos dividendos, vários nomes foram ventilados para o lugar de Prates, incluindo Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Petrobras; Miriam Belchior, ex-ministra-chefe da Casa Civil; além de Bruno Moretti, atual conselheiro da Petrobras; e Rodrigo Dubeux, secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda e candidato ao conselho de administração da estatal.
O candidato mais cotado atualmente, contudo, é Mercadante. Ele, inclusive, já teria sido procurado por Lula e relatou a interlocutores que não pode garantir a permanência no BNDES. Na sexta-feira, as ações da Petrobras caíram com a possível
indicação.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/04/08/lula-convoca-ministros-para-tratar-da-crise-na-petrobras-e-encontra-haddad-hoje.ghtml
