Dados do ONS mostram baixas relevantes na armazenagem em Furnas, Itumbiara e Três Marias e carga em alta sob pressão de El Niño.
A chegada do El Niño, trazendo calor intenso para a região central do país e pressão sobre a carga de energia, além de potencializar o período seco convencional, tem acelerado o uso do armazenamento de alguns dos principais reservatórios de hidrelétricas do país.
Apesar dos cuidados com que o ONS vem operando na preservação dessa energia hidráulica do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, os reservatórios de Furnas, Itumbiara e Três Marias perderam perto de dez pontos percentuais de volume útil no período de um mês entre 14 de agosto, véspera do apagão ainda não 100% decifrado, e 13 de setembro, conforme mostram os dados do operador.
No período, Furnas passou de 98,12%, o que era virtualmente cheio, para 89,68%, uma redução de 8,44 pontos. Itumbiara baixou de 93,37% para 81,71%, ou 11,66 pontos. E Três Marias reduziu de 83,02% para 73,56%, ou 9,46 pontos.
Furnas e Três Marias são cabeceiras das cascatas do rio Grande e do São Francisco, respectivamente, e Itumbiara é um dos mais importantes reservatórios da cascata do Paranaíba, perdendo apenas para Nova Ponte e Emborcação, nos quais se observa uma maior de preservação. No mesmo período, o primeiro foi de 78,40% para 77,30% e o segundo, de 80,63% para 79,23%.
Embora todas as projeções do ONS apontem para céu de brigadeiro no horizonte dos próximos meses, o operador sempre teve o cuidado de ressalvar que para além de janeiro de 2024 as perspectivas devem ser avaliadas à luz do desenvolvimento do próximo período molhado. O ponto de atenção é que os meteorologistas têm sido unânimes em dizer que a atual aparição de El Niño ainda está longe do seu auge de intensidade.
Neste contexto, o desejável seria que o aumento da carga estivesse sendo majoritariamente sustentado por outras fontes, mas não é exatamente o que vem ocorrendo após o apagão e a desconfiança que gerou em termos da capacidade de o sistema de transmissão e suas conexões suportarem os fluxos de renováveis na aceleração que eles vinham apresentando.
Já não se fala em recordes sucessivos de geração eólica. No dia 14/08, uma segunda-feira de carga bem-comportada (71.287 MWmed), a geração eólica contribuiu com 16.558 MWmed, ou 23,23% da geração total do SIN. No mesmo dia, a geração hídrica, incluindo Itaipu, entrou com 38.955 MWmed, ou 54,65%.
Ontem, 13/09, com a carga alcançando 79.086 MWmed e se aproximando da casa dos 80 mil MWmed só atingida até hoje no auge do verão passado (o recorde foi 80.454 MWmed no dia 10 de março), a eólica contribuiu com 13.759 MWmed, ou 17,40% do total, contra 14.490 previstos, e a hídrica entrou com 49.412 MWmed ou 62,48% do total, sempre incluindo Itaipu.
No IPDO de hoje, referente ao balanço de ontem, o ONS informa que a geração eólica no Nordeste foi inferior à prevista “devido a restrição de geração para controle de limites sistêmicos e inequações regionais”.
Informa ainda que de 00h00 a 23h29, ou seja, o dia todo, “houve restrição e limitação de geração eólica no Nordeste para controle de fluxos e inequações regionais” estabelecidas em diversas MOPs (mensagens operacionais), sendo a restrição máxima de 5.778 MW. Houve também restrição à geração solar nordestina, em volume menor (máxima de 561 MW).
Por ora, a geração térmica convencional segue relativamente estável. Na comparação das mesmas datas mencionadas acima, passou de 7.680 MWmed, ou 10,77% do total, para 7.269 MWmed (9,19%).
por Energia Hoje.
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