Resultado foi obtido por quase 3,9 milhões de unidades consumidoras distribuídas pelo Brasil.
O Brasil atingiu nesta segunda-feira (17) 30 gigawatts (GW) de capacidade em geração própria de energia elétrica, também chamada de geração distribuída (GD), segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica Aneel).
Este montante está espalhado em quase 3,9 milhões de unidades consumidoras (UCs) distribuídas pelo Brasil. Cada UC representa a casa de uma família, um estabelecimento comercial ou imóvel abastecido por micro ou mini usinas, todas elas utilizando fontes renováveis. Mas também faz parte de grandes grupos econômicos que investem pesadamente no setor por conta dos subsídios.
O Estado de São Paulo é o líder na modalidade, com mais de 4 GW de potência instalada, seguido por Minas Gerais, com quase a mesma quantidade. Além disso, a GD já ultrapassa 1 GW em mais 8 Estados do Brasil
“Esse marco não só demonstra a capacidade e o potencial do país em adotar fontes de energia renovável, mas também destaca a importância de políticas públicas eficientes e o engajamento da sociedade em busca de soluções energéticas mais sustentáveis”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), Carlos Evangelista.
Quase 99% da geração distribuída ocorre a partir da fonte solar gerada a partir de pequenos sistemas fotovoltaicos de geração própria. O residual inclui algumas térmicas movidas a combustível renovável, centrais geradoras hidrelétricas (CGH) e energia eólica. Com a sanção do marco legal da geração distribuída, em 2022, o setor passou por um senso de urgência no desenvolvimento de novos projetos nessa área e viveu uma espécie de “corrida pelo sol” para garantir a gratuidade da cobrança da tarifa de uso da rede das distribuidoras, a chamada Tusd, até 2045.
Esta forte política estatal de incentivos dados ao setor fez com que a fonte solar fosse a que mais crescesse no Brasil nos últimos anos e vem ditando a expansão do setor elétrico brasileiro. No final de 2023, a geração distribuída tinha 26,5 GW de capacidade instalada. A previsão do setor é que até o fim de 2024, chegue a 36 GW.
Os subsídios do setor são embutidos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo bancado pelos consumidores via tarifa. Este mecanismo tem gerado críticas de outros agentes do setor elétrico, que argumentam que a geração distribuída provoca a sobrecontratação das distribuidoras, encarece a conta de energia para os demais consumidores e traz desafios à operação da rede.
O presidente do conselho de administração da Associação brasileira de Energia Solar (Absolar), Ronaldo Koloszuk, contra-argumenta citando um estudo da consultoria especializada Volt Robotics, que concluiu que a economia líquida na conta de luz dos brasileiros é de mais de R$ 84,9 bilhões até 2031.
“Ao aproximar a geração de eletricidade dos locais de consumo, a geração própria solar reduz o uso da infraestrutura de transmissão e reduz o despacho de termelétricas fósseis, mais caras e poluentes ao País, aliviando pressões sobre sua operação e diminuindo perdas em longas distâncias, o que contribui para a confiabilidade e a segurança em momentos críticos, sobretudo no atual momento de mudanças severas no clima, que têm provocado grandes desastres ambientais”, acrescenta.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/06/17/geracao-propria-de-energia-atinge-30-gw-no-brasil-e-fonte-solar-e-destaque.ghtml