Acordo está programado para a cúpula de líderes do G20; Haddad e Yellen estão conduzindo negociações para formalizar cooperação.
Os Estados Unidos estão trabalhando para estreitar suas relações com o Brasil para assegurar o fornecimento de minerais críticos e apoiar a transição energética do país, incluindo investimentos em hidrogênio limpo e biocombustíveis.
A embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Bagley, revelou em entrevista à Folha de S. Paulo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, estão conduzindo negociações para formalizar essa cooperação.
Segundo ela, está previsto um grande anúncio durante a cúpula do G20 em novembro, no Rio de Janeiro, abordando minerais críticos, infraestrutura e cadeias de suprimentos.
“Teremos um grande anúncio no G20, na cúpula de líderes em novembro, sobre minerais críticos, infraestrutura e cadeia de suprimentos (…) Fernando Haddad e Janet Yellen estão negociando”, disse a embaixadora.
Bagley mencionou que recentemente se encontrou com os ministros brasileiros dos Transportes, Renan Filho, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir questões relacionadas ao tema.
A parceria com os EUA deve seguir os moldes das que foram assinadas no ano passado com Austrália e Japão. Isto é, acordos bilaterais para coordenar políticas e investimentos de expansão e diversificação de cadeias de abastecimento responsáveis de energia limpa e minerais críticos.
Hidrogênio limpo e biocombustíveis
Na quarta (15/5), a embaixadora também destacou que espera cooperar com o Brasil em em outras áreas relacionadas à transição energética e energia verde, como hidrogênio limpo e biocombustíveis.
“O foco do Brasil na transição para energia limpa, também conhecida como economia verde, é uma área onde as empresas norte-americanas estão dispostas a investir, que oferece excelentes oportunidades para solidificar ainda mais a parceria”, disse durante evento promovido pelo Valor Econômico em Nova York.
Segundo ela, o presidente Lula propôs uma parceria na transição energética em reunião com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken.
“A proposta do presidente Lula de trabalhar numa nova parceria para a transição energética tem o potencial de aprofundar a nossa cooperação em energia limpa através de investimentos em hidrogênio limpo, minerais críticos e biocombustíveis, o que promoverá os nossos esforços partilhados para combater a crise climática”, afirmou durante o evento.
Disputa com a China
A cooperação em minerais críticos busca não só equilibrar a influência crescente da China na economia brasileira, como também garantir o fornecimento desses insumos para a indústria americana.
Recentemente, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou US$ 18 bilhões em novas tarifas sobre importações chinesas. A Casa Branca afirmou que os aumentos tarifários são necessários para proteger a indústria doméstica.
A partir deste ano, o governo norte-americano quadruplicará as tarifas sobre veículos elétricos importados da China, de 25% para 100%.
O imposto de importação sobre células solares chinesas dobrará de 25% para 50%. E as tarifas sobre algumas importações de aço e alumínio chineses aumentarão mais de três vezes, de 7,5% para 25%. Também há a indicação de mais que triplicar as tarifas sobre baterias de íon-lítio para veículos elétricos e baterias de lítio destinadas a outros usos.
A medida se soma aos incentivos dados por meio da Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês), que estabeleceu subsídios a veículos elétricos que possuam 80% dos minerais utilizados em suas baterias oriundos dos EUA ou de países com quem possui acordo de livre comércio.
Apesar do termo, o Departamento do Tesouro dos EUA já havia sinalizado que pretende ampliar a interpretação do significado do acordo de livre comércio, o que poderia incluir, eventualmente, o Brasil, com quem o país já possui acordos comerciais.