Energia Solar e os desafios de uma fonte nova para o país

Na matriz elétrica, as usinas solares vêm crescendo de forma acelerada, representando atualmente 5% do total, conforme dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica.

É do sol, que gera calor e luz, que as placas fotovoltaicas captam a energia que depois se transforma em eletricidade. Os painéis fotovoltaicos que fazem esse trabalho surgiram em 1958. Mas, no Brasil só chegaram muitos anos depois.

A primeira usina solar foi oficialmente inaugurada em 2011. E por isso, ainda é um grande desafio, assim como outras fontes consideradas limpas e renováveis, é o que destaca o Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, Ênio Fonseca. “Se está tendo sol todo mundo vai produzir quando você perde o sol ou o vento o gestor do sistema tem dificuldades em fazer o gerenciamento da rede que é um gerenciamento não só operacional, mas um gerenciamento de custo financeiro. Por isso, que precisamos de um setor forte”.

Na matriz elétrica, as usinas solares vêm crescendo de forma acelerada, representando atualmente 5% do total, conforme dados da Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica. Para Felipe Coutinho, engenheiro químico e vice-presidente Associação Engenheiros Petrobrás, essa expansão não tem levado em consideração a intermitência da fonte e a necessidade de outras fontes como suporte para garantir a segurança elétrica.

“Essas fontes que agora estão na moda que são chamadas de renováveis, são de pior qualidade em relação ao petróleo, gás natural e carvão. Elas são menos capazes, menos confiáveis, elas geram menos energia em termos de concentração energética, elas são menos concentradas em energia então precisa de mais investimentos para gerar a mesma quantidade de energia, não tem a mesma capacidade de aumentar a produtividade de trabalho e nem promover o crescimento econômico quanto as energias de origem fóssil. Então, nós estamos consumindo mais essas energias ditas renováveis mais ainda representa muito pouco na matriz energética mundial, esse aumento é muito lento, e elas ainda não são confiáveis, são intermitentes”.

Além disso, a energia solar ainda enfrenta desafios que vão além do funcionamento do sistema e do custo de implantação. Os materiais utilizados nas usinas têm vida útil. Os equipamentos precisam ser trocados a cada 25 anos. E no caso das usinas de geração de energia, o volume de materiais é muito grande.

“É preocupante por uma questão fundamental: volume. Porque se você tem uma caixinha para jogar fora é simples, se você tem toneladas de equipamentos que venceram a vida útil distribuído em várias localidades e em grandes concentrações como os parques de produção de energia solar isso é sem sombra de dúvidas um problema de logística a ser superado”, relembra Ênio Fonseca.

Já a pesquisadora Lucia Xavier ressalta que outro ponto questionável é em relação ao potencial dessa tecnologia de atender as demandas de sustentabilidade.

“Por exemplo, as primeiras tentativas de instalação dos painéis fotovoltaicos já foram questionadas a questão do armazenamento dessa energia. Então, primeiro ponto são as baterias que fazem essa armazenagem. Pois eu tenho o sol durante o dia, mas no período da noite para usufruir dessa energia eu preciso dessas baterias, mas essas baterias chegam ao final da vida útil e precisam ser descartadas. Então, a instalação de painéis fotovoltaicos em regiões remotas tem esse problema. Essas baterias vão precisar ser descartadas em algum momento e a gente já tem relatos no Nordeste do país que essas baterias com chumbo ácido estavam sendo descartadas de forma inadequada”, explica.

Lucia ressalta, ainda, que a logística reversa e a reciclagem dos componentes dos módulos solares é um problema do Brasil e de diversos países que ainda não encontraram a melhor maneira de executar a destinação e nem uma solução efetiva para isso. “Esses painéis fotovoltaicos já estão chegando nos pontos de descarte dos equipamentos eletroeletrônicos e as pessoas que recebem, não só no Brasil em todo mundo, não sabem como separar esses materiais para agregar valor. Num painel fotovoltaico eu posso recuperar o vidro, silício em grande parte, mas eu vou ter alumínio, titânio, cobre, materiais de alto valor agregado que eu posso recuperar, mas como proceder para não contaminar esses materiais e impedir a sua recuperação”, questiona a pesquisadora.

Além disso, se tornar um desafio maior quando os componentes das placas, analisados separadamente, podem oferecer risco até para a saúde humana, se não descartados corretamente. “Esses metais eles acumulam no organismo, então, se eles estiverem disponíveis e lixiviados no ambiente, a céu aberto, eles rompem o vidro e deixam disponível esse metal o risco se instala e num quantitativo grande se torna perigoso para o meio ambiente”, conclui Lucia Xavier.

Santa Catarina e a Transição Energética Justa

Santa Catarina está em 5° lugar no ranking de maiores produtores de energia solar do país. Florianópolis lidera o ranking de municípios catarinenses quando se refere à geração distribuída, ou seja, energia gerada no local de consumo ou próximo dele. Mas, o processo de expansão caminha lentamente e não só aqui no estado.

Mesmo o Brasil sendo um país tropical, com abundância de radiação solar, essa fonte ainda não é amplamente explorada. “No caso do Brasil precisa-se pensar de acordo com o que nós temos disponível em termos de energia como a gente planeja, como a gente produz a nossa matriz energética de uma maneira que essas energia seja confiável e seja barata, porque a energia sendo barata ela possibilita que seja consumida, que haja aumento da produção, da industrialização, que haja uma distribuição mais justa do trabalho em termos internacionais e que tenhamos trabalhos mais qualificados no Brasil”, analisa Felipe Coutinho.

Por isso, no processo de Transição Energética Justa a substituição de fontes não acontece do dia para a noite. Pois, além de tudo é preciso considerar os diversos fatores que envolvem uma cadeia produtiva. Por mais, limpa e renovável que seja uma fonte sempre há pontos positivos e negativos a serem considerados.

Mas, para Ênio Fonseca, há um fator que nunca pode ser excluído: o fator humano. “As pessoas que já operam as atividades associadas a algumas dessas fontes, pelo mundo são milhares de empregados que trabalham no setor petrolífero, carvão, gás e você tem que levar em conta a existência desse pessoal, de tudo que está no entorno das pessoas, os empregos e qualidade de vida para fazer modelos de transição que levem em conta esses aspectos e tenham o objetivo final que não pode ser a eliminação das fontes, mas sim a tecnologia para que as fontes tenham suas emissões neutralizadas Uma matriz ela não é necessariamente suja porque ela emite, mas ela pode ser limpa se ela consegue neutralizar essa emissão. Então, isso faz com que todas as fontes elas precisem participar de um jogo do planejamento energético de um país”, finaliza o Conselheiro do FMASE.

Por ND Mais.
https://ndmais.com.br/meio-ambiente/energia-solar-e-os-desafios-de-uma-fonte-nova-para-o-pais/

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