No entanto, a perspectiva é que, no médio prazo, existam as condições para a formação desse segmento no país, afirma o gerente geral de geração renovável da companhia, Daniel Faro.
O maior desafio para a instalação de uma cadeia de fornecimento de eólicas marinhas (“offshore”) no Brasil é a previsibilidade, o que inclui a existência de uma demanda de energia, financiamentos mais baratos e formação de escala, na avaliação da . No entanto, a perspectiva é que, no médio prazo, existam as condições para a formação desse segmento no país, disse o gerente geral de
geração renovável da companhia, Daniel Faro, nesta quarta-feira (9).
Em participação no evento UK & Brazil: Partners in Energy 2024, realizado pela FGV Energia, Faro destacou que as projeções de crescimento da demanda por eletricidade no país até 2050 indicam a exigência de instalação de 250 gigawatts (GW), o que corresponde a uma média de 9 GW por ano.
O executivo salientou que, nos dois últimos anos, o cenário era de tempestade perfeita: hidrologia chuvosa, que derrubou preços da energia elétrica, grande oferta de projetos renováveis e consumo de eletricidade pós-pandemia ainda retraído. No entanto, no médio e longo prazo, o horizonte muda, segundo Faro, com a queda dos investimentos (“capex”), entre outros fatores.
Ele ressaltou que o fato de já haver uma cadeia de suprimento estabelecida no país é uma vantagem para os futuros projetos. Faro revelou que a Petrobras vem sondando empresas fornecedoras de equipamentos para saber como seria o atendimento a eventuais projetos eólicos “offshore” que a petroleira venha a implantar no futuro – num “request for information” (pedido de informação ).
A resposta mais comum, disse, é que muitos fornecedores eólicos já estão dispostos a realizar adaptações e criar subsidiárias específicas para o segmento “offshore”, pensando em futuros grandes contratos.
Presente ao painel, o superintendente adjunto de planejamento de geração da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Gustavo Ponte, afirmou que dos 234 GW em projetos cadastrados no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), poucos possuem capacidade instalada inferior a 1 GW.
Ponte contou também que pelo menos três portos, Pecém, Açu e Rio Grande estão localizados próximos às áreas de maior potencial eólico e com boas condições de atender a essa cadeia. Ele contou que um estudo feito pela EPE há alguns anos indicam que nenhum porto está 100% apto para receber cadeia de supridores. Por outro lado, os investimentos necessários para adaptá-los não serão complexos.
“O porto é parte fundamental do projeto [eólico]”, disse. Isso porque o porte de um aerogerador eólico impede trânsito de componentes em rodovias, como as pás, que podem ultrapassar 100 metros de comprimento, explicou Ponte.
Viabilidade no médio prazo
Faro observou que, mesmo que exista farta oferta de eólicas terrestres (“onshore”) e solares fotovoltaicas, existem restrições produtivas que impedem uma exploração total desse potencial no médio e longo prazo, o que abre caminhos para as eólicas offshore.
“No curto prazo, eólicas e solares serão competitivas”, reconheceu. “Mas no médio prazo, cabe espaço para a fonte”, acrescentou.
Entre as barreiras, estão a concentração da geração solar em determinados horários, enquanto há incidência dos raios do sol, e o esgotamento da oferta dos melhores potenciais de vento. Em paralelo, afirmou, mais da metade da população está localizada na costa brasileira.
Faro contou, ainda, que a Petrobras tem aproveitado sinergias com estruturas da companhia no Nordeste do país, onde possui atuação em águas rasas, para medição de ventos. A empresa possui dois pontos de medição “offshore”, em plataformas localizadas no Nordeste, e pretende instalar pelo menos mais quatro sistemas. A medição visa a trazer dados dos melhores potenciais de vento.
Além disso, por atuar no Nordeste, uma das três regiões que concentram os maiores potenciais, a Petrobras tem conhecimento ambiental, especialmente em temas como pesca, fauna e flora, o que pode ajudar na elaboração de projetos futuros.
A empresa possui 23 GW em projetos cadastrados no Ibama em dez áreas no Nordeste, Sudeste e Sul do país.
Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/empresas/noticia/2024/10/09/desafio-para-instalar-eolicas-offshore-e-a-previsibilidade-aponta-petrobras.ghtml