“Precisaremos de uma reordenação legal e regulatória, porque temos uma capacidade de gerar energia muito competitiva e barata”, destacou Sandoval Feitosa.

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, afirmou nesta segunda-feira (20), em evento em São Paulo, que um dos motivos da desindustrialização que o Brasil vive no momento se deve pelo alto custo da energia elétrica aos consumidores.

Segundo Feitosa, é imperativo promover uma reorganização no setor elétrico, visando evitar que alguns incentivos concedidos ao longo do tempo para setores atualmente dispensáveis não resultem em um aumento adicional nas despesas de energia aos consumidores.

“Precisaremos de uma reordenação legal e regulatória, porque temos uma capacidade de gerar energia muito competitiva e barata, mas entre a geração de energia e a tomada do consumidor, tem muita coisa que faz com que a tarifa seja muito elevada (…). Este movimento de desindustrialização do país tem que ser visto de várias perspectivas e o custo da energia elétrica seguramente é um dos fatores”, disse Feitosa em seminário promovido pelo jornal Folha de S.Paulo sobre energia limpa e transição energética.

Segundo ele, por conta do programa de neoindustrialização do governo federal, a indústria nacional tem uma capacidade instalada subutilizada e que precisará ser religada em breve. Em alguns setores, a energia corresponde a quase 50% do custo operacional da indústria e não há fonte alternativa que possa substituir a eletricidade.

A soma dos subsídios pagos na fatura de energia elétrica dobrou em cinco anos no Brasil. Entre 2018 e 2023, o valor acumulado por ano saltou de R$ 18,8 bilhões para R$ 37,4 bilhões. O dirigente acrescenta que é necessário rediscutir todos os subsídios que estão na tarifa de energia elétrica do consumidor sob risco da conta de luz se tornar impagável.

As fontes renováveis de energia elétrica no Brasil e Conta Consumo de Combustíveis (CCC) para termelétricas em locais isolados em 2024 são os principais subsídios inseridos na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), uma espécie de fundo
bancado pelos consumidores via tarifa para financiar políticas públicas.

“Há necessidade de uma racionalização legal e regulatória para retirar custos que não precisarão mais fazer parte da cadeia do custo da energia elétrica (…). O consumidor de energia do Brasil arcou com toda transição e transformação energética no Brasil e seria importante que ele fosse chamado agora para capturar todo o risco que assumiu ao longo de décadas pagando subsídios”, diz Feitosa.

Por Valor Econômico.
https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/02/19/custo-de-energia-um-dos-motivos-da-desindustrializao-do-brasil-diz-diretor-da-aneel.ghtml