A China superou a Dinamarca e se tornou a líder mundial em competitividade de patentes de turbinas eólicas em 2023, buscando expandir ainda mais sua participação de 60% no mercado global com turbinas maiores e mais baratas, enquanto os Estados Unidas e a Europa se movem para proteger suas indústrias.
A participação da energia eólica na matriz energética mundial aumentará de 7% em 2022 para 15% em 2030, segundo a Agência Internacional de Energia, enquanto a geração de energia deve aumentar 2,5 vezes para 5.229 terá watts-hora durante esse período. Comparada às usinas solares, que não podem gerar eletricidade à noite, a energia eólica pode gerar energia de forma mais estável ao longo do dia.
O “Nikkei Asia” solicitou à empresa de pesquisa Patent Result, com sede em Tóquio, que compilasse patentes relacionadas a turbinas eólicas. As 169.822 patentes publicadas entre 2015 e o fim de abril receberam uma pontuação de competitividade com base em solicitações internacionais e a atenção que receberam dos concorrentes.
Em termos de número de pedidos de patente, a China superou a Alemanha e o Japão para se tornar a líder a partir de 2005, com suas solicitações superando as de outros países em até 10 vezes em alguns anos. Em termos de pontuação de competitividade de patentes, a China superou a Dinamarca pela primeira vez em 2023 para assumir o primeiro lugar.
O grande número de pedidos de patente indica o grau de foco em pesquisa e desenvolvimento e pode sinalizar como os futuros produtos do país serão melhorados. “Os fabricantes chineses receberam peças e tecnologia da Europa e de outros lugares que lideraram o desenvolvimento, mas agora sua taxa de produção interna é de cerca de 90%”, disse o Professor Hu Changhong, da Universidade Kyushu do Japão.
As empresas chinesas estão focando no desenvolvimento de turbinas maiores. Ao aumentar seu tamanho, elas podem aumentar a produção por unidade, reduzindo o número de unidades necessárias para uma instalação, bem como os custos de construção e manutenção. O Grupo Mingyang Smart Energy planeja desenvolver a maior turbina eólica do mundo, uma unidade de 22 megawatts, até 2025.
A China também está aumentando sua presença no mercado global de turbinas. Dos 116 gigawatts de nova geração de energia eólica no mundo em 2023, os projetos na China representaram 65%, e a maioria desses geradores foram fabricados lá, de acordo com o Conselho Global de Energia Eólica.
O país também responde por 40% da capacidade total instalada acumulada, tornando-se o maior mercado do mundo, superando os Estados Unidos e a Europa.
As turbinas eólicas fabricadas na China são altamente competitivas em termos de custo. O preço dos motores fabricados por empresas chinesas no período de julho a dezembro de 2023 foi de US$ 300 mil por megawatt, cerca de um terço do preço de fabricantes de outros países, segundo a BloombergNEF. À medida que as turbinas se tornam maiores, os produtos fabricados na China se tornarão ainda mais
competitivos.
Pequim encerrou seu sistema de preço fixo, onde a eletricidade era comprada a um preço alto, em 2021, e também encerrou os subsídios governamentais, tornando a redução de custos crítica. Para ganhar participação de mercado, cada vez mais fabricantes estão sacrificando margens de lucro para manter os preços baixos, disse Chen Xiangyu, da BloombergNEF.
Já grandes empresas chinesas, como Mingyang e Goldwind, estão aproveitando seus baixos preços e aumentando as exportações de turbinas eólicas. Em 2023, foram alcançados 3,6 gigawatts em termos de capacidade de geração, um aumento de 60% em relação a 2022, segundo a Sociedade Chinesa de Energia Renovável.
As empresas europeias, que lideravam a geração de energia eólica, especialmente offshore, agora estão em desvantagem. A Europa começou a desenvolver plenamente a energia eólica offshore na década de 2010 e detinha a maior participação de geradores em termos de produção até 2019. Ela perdeu essa posição para a China em 2020.
Atualmente, o crescimento dos projetos de desenvolvimento de geração de energia
eólica desacelerou devido a uma combinação de aumento dos preços das matérias-primas, aumento das taxas de juros e interrupções na cadeia de suprimentos devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, pressionando os lucros dos fabricantes.
A China responde por 80% do mercado global de painéis solares, e os Estados Unidos impuseram tarifas punitivas sobre os painéis fabricados na China para restringir as importações.
Com as turbinas eólicas possuindo até 20 mil peças, seu efeito cascata na base industrial é maior do que o dos painéis solares. As autoridades de outros países estão se movendo para proteger suas indústrias relacionadas.
O governo japonês estabeleceu uma meta de 60% para compras nacionais em toda a cadeia de suprimentos de energia eólica offshore, incluindo manutenção e fundações, até 2040. A Mitsubishi Heavy Industries e a Hitachi se retiraram da fabricação de turbinas eólicas, deixando o país com pouca escolha a não ser depender de fontes externas.
Valor Econômico.
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2024/07/02/china-assume-liderana-global-em-patentes-de-turbinas-elicas.ghtml