Objetivo de entrar no grupo é discutir transição energética, segundo titular da pasta.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira disse neste sábado que o Brasil não vai participar do sistema de controle de produção adotado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). O governo Lula decidiu ingressar na Opep+, agremiação em que países atuam como observadores associados à organização principal, mas não terá poder de voto nem vai aderir a movimentos de cortes de produção.
— Em hipótese alguma o Brasil participará dos cortes. A carta de cooperação que o Brasil assinará não tem nenhum compromisso bilateral. É para participar da plataforma de discussão das estratégias da indústria petrolífera nos próximos anos. O mundo reconhece a importância da indústria de petróleo para usar seus recursos para fazer o financiamento da transição energética — disse o ministro ao GLOBO.
O convite foi formalizado ao país nesta semana, após a passagem de Lula pela Arábia Saudita. E foi alvo de críticas, acentuadas pela coincidência com a participação na COP28, a conferência do clima que ocorre em Dubai.
Silveira disse que o objetivo da entrada do Brasil no grupo é participar das discussões sobre como nações petrolíferas a investir em energias renováveis, no momento em que o mundo busca descarbonizar a economia.
— Nós não podemos ser hipócritas e não gritar alto para o mundo que queremos os países ricos levando a sério a transição energética e fazendo a valoração econômica da matriz energética brasileira e dos países do sul global. O Brasil quer contrapartidas.
O objetivo também, diz ele, é ampliar o diálogo com países árabes. — A gente deixa de ficar num diálogo apenas com países do hemisfério norte e passa a ter também uma força com países árabes — afirmou.
Quase 30 milhões de barris por dia. A Opep, criada em 1960 e com sede em Viena, reúne hoje 13 grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita, Irã, Iraque e Venezuela — nos anos 1970, um grande corte na produção decidido pelo cartel levou a um choque do petróleo.
Não participam da Opep, porém, países como Estados Unidos, Canadá e Noruega. O grupo Opep+ inclui os chamados “países aliados”. Estes não têm direito a voto nas reuniões do cartel, mas pagam uma taxa anual. A Rússia é um deles.
Os 13 países da Opep produzem ao todo 28,7 milhões de barris diários, liderados pela Arábia Saudita (10,4 milhões de barris). O Brasil tem uma produção diária de cerca de 3,67 milhões de barris de petróleo por dia, segundo a Agência Nacional de Petróleo e Biocombustíveis (ANP).