Defendendo o combate aos efeitos das mudanças climáticas e um desenvolvimento sustentável, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta terça-feira, 19 de setembro, na abertura da 78 a edição do debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), após 14 anos.
Em discurso de abertura, o presidente da República destacou que o Brasil está na vanguarda da transição energética com uma matriz energética 87% renovável, cujo crescimento é visto a cada ano, e tem “enorme potencial” no desenvolvimento do hidrogênio verde.
“No Brasil já provamos uma vez, e vamos provar de novo, que ter um modelo ambientalmente justo e sustentável é possível. Estamos na vanguarda da transição energética. Nossa matriz já é uma das mais limpas do mundo, com 87% da nossa energia
de fontes limpas e renováveis. Com o Plano de Transformação Ecológica, apostaremos na industrialização e infraestrutura sustentáveis”, disse Lula.
O Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda, tem por objetivo proporcionar mudanças estruturantes na economia e meio ambiente brasileiros, por meio da transição energética, do desenvolvimento econômico e social e de objetivos ligados ao Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), do governo federal.
Entre as principais medidas do plano estão: a criação do mercado regulado de carbono, a emissão de títulos soberanos sustentáveis, a criação de uma taxonomia sustentável nacional e a reformulação do fundo clima para financiar atividades que envolvem inovação tecnológica e sustentabilidade.
O presidente continuou seu discurso afirmando que a Agenda 2030, da ONU, pode se tornar um dos maiores “fracassos” da organização, uma vez que, faltando sete anos para cumprimentos das metas, os signatários ainda estão distantes das metas definidas, com cumprimento das 169 metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) em “ritmo lento”.
“Sem mobilização de recursos financeiros e tecnológicos, não há como implementar o que decidimos no Acordo de Paris [Agenda 2030]. A promessa de destinar US$ 100 bilhões aos países em desenvolvimento permanece apenas nisso. Uma longa promessa”, afirmou.
Lula destacou ainda que o Brasil está comprometido em implementar os 17 ODS de maneira “integrada e indivisível” e voltou a repetir o discurso feito em julho deste ano, na terceira cúpula da Celac/União Europeia, que os países ricos têm responsabilidade nas mudanças climáticas, visto que cresceram baseados em um modelo com alta taxa de emissão de gases de efeito estufa, e devem investir nos países em desenvolvimento.
“Agir contra a mudança do clima implica em pensar no amanhã e enfrentar desigualdades históricas. A emergência climática torna urgente uma correção de rumos e a implantação do que já foi acordado. […] Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo”, frisou Lula.
O presidente brasileiro também falou sobre o combate aos crimes ambientais na Amazônia e sobre o seu protagonismo na agenda sustentável.