O foco na preservação dos reservatórios do SE/CO não impediu que as hidrelétricas venham cobrindo o espaço deixado pelas oscilações dos ventos.
Mesmo representando atualmente apenas 50,01% da capacidade instalada do SIN, segundo os últimos dados do ONS, a geração hidrelétrica segue como principal garantidora do consumo do país, graças a suas características de flexibilidade e armazenamento.
Na quinta-feira passada, 29 de fevereiro, quando a carga bateu o recorde deste ano até agora, com 90.221 MWmed, as hídricas responderam por 81,04 da energia demandada, com 73.118 MWmed, sendo 67.310 das usinas 100% nacionais e 5.803 de Itaipu.
No dia 1o de março, embora a carga tenha arrefecido ligeiramente, para 89.514 MWmed, a contribuição das hídricas foi ainda maior, chegando a 81,84%, equivalentes a 73.263 MWmed. Desde meados de fevereiro, quando a safra de ventos firmas deste verão aparentemente terminou, as hídricas têm sido acionadas para cobrir as oscilações eólicas.
No dia 20 de fevereiro a participação percentual das hidrelétricas na geração total (82.948 MWmed) bateu o recorde do período recente, com 83,08%. Naquele dia, as usinas eólicas geraram apenas 2.217 MWmed, ou 2,67% da geração total.
A redução drástica da safra de ventos, com algumas lufadas em dias subsequentes, começou a partir de 14 de fevereiro, quando sua participação na geração total caiu de 16,09% no dia anterior para 7,97%. A partir de então, somente nos períodos dessas lufadas de ventos, como entre 24 e 27 de fevereiro, a geração hídrica ficou abaixo de 74,5% da carga em dias úteis.
A melhora da hidrologia nas áreas das grandes hidrelétricas a fio d’água da Amazônia, especialmente em Belo Monte, foi decisiva para permitir que as hidrelétricas dessem este suporte ao SIN em um momento de preocupação em preservar os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO), carentes de afluência no atual período úmido.
No dia 1o de fevereiro, Belo Monte, Jirau e Santo Antônio geraram juntas 8.041,14 MWmed, sendo apenas 2.251,70 da maior usina 100% brasileira. Em 1o de março elas produziram 13.060,49 MWmed, sendo 6.872,51 de Belo Monte.
Solar ultrapassa eólica
Como consequência dos ventos desfavoráveis e da expansão contínua da capacidade de geração solar fotovoltaica centralizada, a partir do dia 14 de fevereiro a relação entre as duas fontes renováveis não despacháveis se inverteu de forma consistente pela primeira vez na história, com a eólica perdendo para a solar a primazia de segunda fonte com maior contribuição para a carga.
Naquele dia 14, a solar, com 8.248 MWmed gerados, respondeu por 9,79% da geração total, enquanto a eólica, com 6.731, cobriu 7,97% da demanda. A partir daí, até ontem (05/03), exceto pelo período de 24 a 27 já mencionado acima, a geração solar foi sempre maior do que a eólica, em termos relativos e absolutos, com a primeira girando em torno dos 10% do total e a segunda descendo ao vale de 1,62% (1.457 MWmed).
Em todo o período pesquisado, a geração térmica convencional manteve-se entra as casas dos 4% a 6% da geração total, oscilando sempre entre 4 mil e 5 mil MWmed diários, alinhada com a preocupação do governo em não onerar o consumidor.
Por Energia Hoje.
https://energiahoje.editorabrasilenergia.com.br/hidricas-sustentam-consumo-alto-com-mais-de-80-da-geracao/